Os estudos do mestrado são uma etapa diferenciada na formação acadêmica, profissional e, também, da vida de uma pessoa. Afinal de contas, pouquíssimos de nós terminam a graduação e optam ou têm a oportunidade de cursar um mestrado, que é reconhecido como um processo de aprofundamento do conhecimento numa área de atuação.
Com um ritmo de estudos mais intenso do que na graduação, grande volume de leitura, prazos curtos para a conclusão de trabalhos mais complexos e a entrega da dissertação sempre batendo à porta, é preciso foco e disciplina para passar por esse percurso de dois anos sem perder a cabeça ao menos uma vez, não é mesmo?
Mas é possível contar com um conjunto de atitudes e práticas cotidianas que nos auxiliam a aproveitar os estudos do mestrado ao máximo. Listamos 7 delas a seguir:
1. Aproveite as disciplinas obrigatórias
Logo no começo do curso, você deve se deparar com um conjunto de pelo menos duas disciplinas obrigatórias para cursar. Geralmente, as pessoas precisam fazer uma mais geral, com um amplo panorama do campo de pesquisa, e outra metodológica.
A princípio, pode parecer que esses conteúdos são abertos demais e não têm nada a ver com a sua pesquisa, principalmente no caso da “teórica geralzona”. Mas tente aproveitá-los ao máximo. Concentre-se nas aulas e nos textos e busque fazer do trabalho final uma ponte para situar o seu problema de pesquisa dentro do campo de estudo escolhido.
No caso da disciplina metodológica, busque refletir, a todo o momento, sobre como você poderá se apropriar dos conceitos trabalhados para operacionalizar o seu trabalho — ou seja: fazer a ponte entre a teoria e o problema estudado.
2. Faça bem as optativas e eletivas
Além das obrigatórias, é provável que você tenha a oportunidade de cursar entre duas e quatro disciplinas optativas ou eletivas. Elas são úteis para complementar sua formação básica enquanto mestrando.
Como o mestrado é um curso rápido e muito exigente, uma opção interessante é eleger matérias que tenham conexão direta com o seu tema de pesquisa. Quanto mais próximo, melhor.
Assim, você consegue economizar tempo de leitura, por exemplo. Utilize os fichamentos das bibliografias das disciplinas para a elaboração de um capítulo teórico. Ou, então, faça de um trabalho final um teste para a análise que você pretende ampliar na dissertação.
Mas é claro que você não precisa ser “quadradão”. A universidade é um espaço interessante para conhecer novas formas de pensamento e abordagens. E você pode deixar uma optativa ou eletiva para experimentar outras coisas — seja para ter contato com um professor que pode agregar novos olhares para a sua pesquisa, seja para iniciar uma ponte com uma área que você queira trabalhar mais adiante, num possível doutorado.
3. Planeje com o seu orientador
O orientador é uma peça-chave para a sua dissertação. Mas não espere que ele te trate como um filho e pegue na sua mão na hora de escrever a dissertação. Construir alguma autonomia e aprender a pesquisar sozinho também é parte do processo de aprendizado do mestrado.
Há duas formas de se chegar ao orientador. Muitos programas determinam o par orientando-orientador logo que o processo de seleção está finalizado. Outros dão autonomia para que o mestrando corra atrás e escolha quem será o seu professor de suporte — o que normalmente deve ser definido até o final do primeiro semestre do curso.
Se você se encontra neste segundo grupo, pesquise bem. Converse com os professores das suas disciplinas e com alunos mais velhos. Entre nos Currículos Lattes dos docentes do seu departamento, busque as publicações por eles feitas e leia-as com atenção. Ter um orientador que entenda o que você quer trabalhar é fundamental.
Com o orientador definido, busque estabelecer um cronograma de reuniões de orientação. Esses encontros são fundamentais para que você ganhe ritmo de pesquisa e se mantenha no prazo.
4. Trace metas
Ritmo é tudo no mestrado. Trace metas, faça cronogramas de curto, médio e longo prazo e pactue-os com o seu orientador, para que eles sejam alcançados.
Elabore o cronograma macro numa planilha de Excel, no Google Drive ou num caderno. Pense em suas maiores prioridades e divida-as ao longo dos próximos dois anos: entrega dos trabalhos finais das disciplinas; entrega do desenho de pesquisa da dissertação; entrega do capítulo 1, do capítulo 2…; qualificação (se houver)…
De posse desse cronograma maior, estipule metas semanais mensalmente e reveja-as. A cada mês, veja o que conseguiu fazer nos períodos anteriores. É claro que ninguém é de ferro e, uma hora ou outra, é possível que você se perca em algum dos prazos. Mas ter referências é sempre bom para se manter nos trilhos.
5. Se organize diariamente
Para cumprir as metas, uma coisa que ajuda muito é se organizar diariamente. Mais uma vez, as listas de prioridades são válidas. Inclua nelas: fichamento; escrita de duas páginas; análise de parte do banco de dados; elaboração de questionário etc.
Busque não traçar metas mirabolantes para o dia. E marque (dê um risco) aquilo que você conseguir cumprir — é gratificante e estimulante.
Uma técnica que funciona muito para evitar a famosa procrastinação é usar aplicativos de celular ou sites de controle do tempo, como os pomodori. Marque quanto tempo quer utilizar em uma tarefa e ele disparará alarmes a cada 50 minutos, por exemplo, para que você faça intervalos para descansar, vá ao banheiro ou dê uma olhadinha nas redes sociais.
Escolha bem o ambiente de estudo
Pense também em um ambiente interessante para fazer sua pesquisa. Lugares iluminados, arejados e sem barulho favorecem bastante sua concentração. Às vezes, criar uma rotina de ir à biblioteca ou à universidade diariamente, no mesmo horário, para estudar é mais proveitoso do que ficar pesquisando em casa — onde é muito fácil perder a atenção.
Encare a pesquisa como um trabalho. Isso envolve, inclusive, saber separar o tempo para o lazer (que é fundamental), para atividades físicas, para o sono e para o descanso no fim de semana (caso você não tenha um trabalho durante a semana e o sábado e o domingo sejam indispensáveis).
6. Aproveite os grupos de pesquisa
O seu orientador, muito provavelmente, faz parte de um grupo de pesquisa. Tente ir às reuniões. Muitas vezes, elas são acompanhadas por leituras e discussões de texto.
Pode ser muito enriquecedor e uma oportunidade de compartilhar seus projetos, suas propostas de trabalho e mesmo suas angústias. A experiência dos demais pesquisadores pode ser um estímulo para que você tenha forças para prosseguir.
7. Vá a congressos e conferências
Participe também de congressos, seminários e conferências. Submeta os trabalhos finais das disciplinas ou leve esboços do que você está trabalhando em sua dissertação. Esses espaços também são ótimos para angariar contribuições para a sua pesquisa e testar seus resultados dos estudos de mestrado.
Se os trabalhos forem bem recebidos, submeta-os para publicação em revistas acadêmicas. Tais experiências podem somar pontos para seleções de doutorado e em processos de escolha para professor.
E aí, gostou das dicas que preparamos para te ajudar nos estudos do mestrado? Que tal descobrir, agora, como organizar as informações da sua pesquisa? Até a próxima!