Peço desculpa pela grosseria logo assim, de início. Eu não te conheço. Isto não é educado. Mas, vamos nos ater ao essencial, o mundo já está complicado demais. Há uma pandemia lá fora. Vamos falar apenas do que importa?
O português não é de Deus.
Eu sei, isso aqui é uma empresa de revisão de texto, eu já fui professora de português, e hoje passo o dia inteirinho colocando uma vírgula ali e tirando uma vírgula daqui, e eu não deveria confessar isso, assim, dessa maneira.
Eu vou me explicar. Fica, mas não vai ter dica. Não de português, mas se vale qualquer dica, olha, cuidado. O mundo não é para os fracos. Se eu tivesse filhos, esta seria a única dica que eu daria para eles.
Eu trabalho com a língua portuguesa há muitos anos e quase todo mundo que me conhece sabe disso. É por isso que meu gerente de banco interrompe nossa conversa abruptamente para perguntar: “seguem os anexos ou segue os anexos?”.
Não seria exagero dizer que quase todos os dias escuto este tipo de pergunta. E eu só consigo lembrar da matemática. Eu sou boa de português, mas eu sou terrível em matemática. Eu não tenho um argumento aqui, só queria compartilhar, ok?
Não quero achar culpados para este pavor coletivo da língua portuguesa. Não sei se eles existem. Não sei sequer se acredito em culpa, em seu sentido amplo. O que sei, porque vejo todos os dias, é o constrangimento das pessoas com o próprio idioma. A dificuldade com a escrita. Com a gramática. Com as regras: a ortografia, os acentos, a divisão silábica, com as concordâncias. Tudo isto se resume em: o português não é de Deus. E eu concordo.
Todos os dias atendemos várias pessoas aqui na Oficina Só Português. É muito raro que um aluno que esteja entregando uma dissertação de mestrado para o serviço de revisão de texto ou um pesquisador que queira uma transcrição de seu áudio não falem, de algum modo, de suas dificuldades com a língua. Que não se sintam constrangidos ou embaraçados. Muitas vezes sem motivo algum.
Vamos falar só do que INTERESSA?
Há uma pandemia lá fora.
O português não é de Deus.
É meu. Seu. Nosso.
Fica, também vai ter dica. Mas eu te prometo.
Vamos falar só do que interessa.
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