Criado com o intuito de unificar a ortografia da língua portuguesa entre os países lusófonos, o novo acordo ortográfico foi assinado em 1990 e aprovado, no Brasil, em 1995. Entretanto, a reforma ortográfica só começou a ser efetivamente implementada no dia 1 de janeiro de 2009, passando a ser obrigatória no dia 1 de janeiro de 2016.

Embora o Brasil tenha desfrutado de 6 anos para se adaptar à mudança, muita gente ainda se perde na hora de escrever um documento ou trabalho acadêmico, por exemplo.

Sabendo que os erros de português podem acabar afetando a reputação de um aluno na universidade — arruinando até as chances de se conseguir aquela indicação dos professores para o emprego dos sonhos —, decidimos reunir neste artigo os principais erros cometidos após a reforma e como evitá-los. Confira!

Quais os erros mais comuns após a reforma ortográfica?

A primeira coisa que você precisa saber sobre a reforma ortográfica é que poucas palavras tiveram suas grafias modificadas. Mais especificamente, apenas 0,5% das palavras da língua portuguesa (no Brasil) sofreram alterações.

Apesar da mudança aparentemente mínima, segundo professores de língua portuguesa, os erros de ortografia dobraram.

Em uma entrevista, a professora Rita de Cássia da Silveira Cordeiro, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina (IFSC), afirmou que as maiores dúvidas ainda se concentram na utilização do hífen, embora os erros sejam encontrados em maior quantidade na acentuação de palavras.

Dessa forma, para não errar mais, é preciso conhecer e estar atento às mudanças propostas pela reforma — afinal, você não quer sair escrevendo errado por aí, certo?

O que mudou com a reforma ortográfica?

Com o novo acordo ortográfico, a trema foi abolida e o alfabeto incluiu o K, o Y e o W, passando a ser formado por 26 letras em vez de 23.

Contudo, se destacaram duas mudanças mais significativas: a acentuação das palavras e o uso do hífen. Para entender melhor, acompanhe:

1. Acentuação

Acento agudo

Ditongos abertos (ei e oi) não são mais acentuados em palavras paroxítonas, ou seja, as palavras que têm ditongo aberto na penúltima sílaba (quando ela for a mais forte) perderam o acento.

  • Como era: jibóia, heróico, colméia, idéia.
  • Como ficou: jiboia, heroico, colmeia, ideia.

Além disso, não se acentuam mais o “i” e o “u” tônicos nas palavras paroxítonas.

  • Como era: baiúca, bocaiúva, feiúra.
  • Como ficou: baiuca, bocaiuva, feiura.

Acento circunflexo

O hiato deixou de ser acentuado. Isto é, palavras que possuem duas vogais juntas em sílabas diferentes não são mais acentuadas.

  • Como era: enjôo, perdôo, abençôo, crêem, dêem, lêem.
  • Como ficou: enjoo, perdoo, abençoo, creem, deem, leem.

Acento diferencial

Palavras homógrafas deixaram de ser acentuadas — ou seja, aquelas palavras que possuem a mesma grafia e pronúncia, mas significados distintos, não são mais acentuadas.

  • Como era: pára (verbo parar), pêlo (cabelo), pélo (verbo pelar), pólo (jogo).
  • Como ficou: para, pelo, polo (polo norte/sul ou jogo).

É importante ressaltar que o verbo “pôr” (colocar) e a forma verbal “pôde” (passado do verbo poder) mantiveram o acento circunflexo. A primeira, para que possa ser diferenciada da preposição “por”, e a segunda para que seja distinguida da forma verbal “pode” (presente do verbo poder).

Além desses verbos que possuem o acento diferencial obrigatório, o substantivo “fôrma” (“fôrma de bolo”) pode ser acentuado para se diferenciar do substantivo “forma” (“forma física”, “forma de pensar”).

2. Hífen

O uso do hífen sempre confundiu muita gente, mesmo antes da reforma ortográfica. Por isso, é fundamental prestar atenção às suas novas regras de utilização.

Com o novo acordo, não ocorrerá o uso do hífen em compostos que perderam a noção de composição.

  • Como era: manda-chuva, pára-quedas, pára-quedista.
  • Como ficou: mandachuva, paraquedas, paraquedista

Além disso, quando o prefixo de uma palavra termina em vogal e possui o segundo elemento começado por “r” ou “s”, as consoantes dobram e o hífen desaparece.

  • Como era: auto-retrato, auto-suficiente, contra-reforma.
  • Como ficou: autorretrato, autossuficiente, contrarreforma.

Porém, quando são utilizados os prefixos “hiper”, “inter” e “super”, o hífen deve ser mantido.

  • Por exemplo: inter-racial, super-resistente, hiper-realista e super-racional.

Quando o prefixo de uma palavra termina em vogal e o seu segundo elemento começa com uma vogal diferente, a escrita dela não possuirá hífen.

  • Como era: auto-análise, contra-indicação, auto-adesivo.
  • Como ficou: autoanálise, contraindicação, autoadesivo.

No entanto, quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa com a mesma vogal, o hífen é utilizado.

  • Como era: microondas, microônibus, antiinflamatório.
  • Como ficou: micro-ondas, micro-ônibus, anti-inflamatório.

2.1 Quanto ao uso do hífen de acordo com o prefixo:

Quando o prefixo termina com uma consoante igual a do início do segundo elemento, utiliza-se o hífen.

  • Por exemplo: super-revista, hiper-raquítico, inter-racial, sub-brigadeiro e super-romântico.

O hífen é usado quando o prefixo ou falso prefixo, terminado em “m” ou “n”, se une as vogais ou consoantes “h”, “m” ou “n”.

  • Por exemplo: circum-murado, circum-navegação, pan-africano, pan-hispânico e pan-americano.

Além disso, o hífen é utilizado obrigatoriamente quando os prefixos são: “ex”, “sota”, “vice”, “soto”, “além”, “recém”, ‘sem” e “aquém”.

  • Por exemplo: ex-almirante, ex-presidente, sota-piloto, vice-almirante, vice-rei, soto-pôr, além-mar, recém-nascido, recém casado, sem-teto, sem-terra e aquém-mar.

Com os prefixos “pré”, “pós” e “pró” (acentuados com autonomia e tônicos), o hífen também é usado.

  • Por exemplo: pré-nupcial, pré-escolar, pós-graduação, pós-cirúrgico, pró-ativo e pró-reitor.

Entretanto, se os prefixos não forem autônomos, não ocorrerá a utilização do hífen.

  • Por exemplo: predeterminado, pospor, propor, pressupor.

Quando o prefixo é terminado em vogal, “r” ou “b” e o segundo elemento se inicia com “h”, usa-se o hífen.

  • Por exemplo: inter-hemisférico, sub-humano, super-homem, anti-herói e geo-história.

Contudo, serão mantidas as grafias que já foram consagradas na língua.

  • Por exemplo: reidratar, inábil, reabilitar, desumano e reaver.

Caso ocorra a perda do som da vogal final, o ideal é eliminar o hífen.

  • Por exemplo: clorídrico (cloro+hídrico) e cloridrato (cloro+hidrato)

O último caso em que ocorre o uso do hífen é quando há a utilização de um sufixo de origem tupi.

  • Por exemplo: capim-açu, ceará-mirim, amoré-guaçu e andá-açu.

Como evitar os erros ortográficos ao escrever um artigo?

A verdade é que não existe uma fórmula mágica para não errar mais a grafia de uma palavra. No entanto, seguindo algumas recomendações, sua escrita pode alcançar um nível totalmente inesperado, o que resultará em artigos de excelência. Entenda como:

Crie o hábito da leitura

Você provavelmente já ouviu falar que para escrever melhor e errar menos é preciso ler bastante, não é mesmo?

Bem, é verdade, mas mais do que simplesmente ler, é necessário ler textos de qualidade e com conteúdo relevante. Isso é ainda mais importante quando se tem uma rotina corrida, dividida entre estudo e trabalho.

Reserve sempre uma hora do seu dia para a leitura de livros ou blogs de conteúdo confiável. Assim, a leitura de qualidade pode impactar a escrita sem que você perceba.

Pratique a escrita

Ao contrário do que muita gente acredita, escrever não é “somente” um dom. É prática!

Sendo assim, procure temas com que você tenha afinidade e escreva sobre eles. Comece por assuntos simples e depois vá para os mais complexos, como os acadêmicos.

Conforme você for se habituando à prática da escrita, os erros ortográficos começarão a se dissipar, uma vez que você estará mais familiarizado com a grafia das palavras.

Além disso, durante o exercício de escrita, lembre-se de verificar se seu texto possui coesão e coerência. Afinal, você quer que todo mundo compreenda a mensagem que está transmitindo, não é verdade?

Revise os seus textos

Revisar um artigo que você acabou de escrever é uma tarefa árdua, mas necessária. Por falta de revisão, muitos textos chegam aos leitores repletos de erros que poderiam ter sido corrigidos.

Por isso, é importante ler sempre em voz alta o que você escreveu. Isso porque a leitura em voz alta permite que você escute o próprio texto e reconheça mais facilmente os possíveis erros de concordância e ortografia.

Procure a ajuda de um profissional

Às vezes, mesmo tomando todos os cuidados para escrever corretamente, um erro pode acabar passando despercebido. É nessas horas que ter uma forcinha extra pode fazer a diferença.

Imagine que você está com os prazos apertados para entregar aquele trabalho do mestrado e, para piorar, não tem tempo para revisar como deveria. Essa situação é muito comum para o revisor profissional, que lida diariamente com acadêmicos atarefados.

Recorra ao papel

A memorização das regras ortográficas pode levar algum tempo. Assim, caso você tenha dificuldade em se lembrar dos detalhes sobre elas, recorrer ao papel pode ser uma solução prática.

Para isso, escreva a palavra no papel e sua memória te apontará a escrita correta, visto que ela sempre nos parece mais familiar quando comparada com a errada.

E você, gostou do texto sobre os principais erros cometidos após a reforma ortográfica? Então aproveite para assinar agora mesmo a nossa newsletter e ficar sempre por dentro de atualizações como essa!

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